domingo, 25 de março de 2012

Maio/2007 até que foi produtivo...

Junior e o Rock Progressivo

Chamaram-no de Junior desde o começo. Era magro e aparentava fragilidade, ainda mais por usar roupas escuras a maior parte do tempo. Tinha os olhos grandes, típicos de índole observadora. Sabia pouco de si, apesar de passar tanto tempo introspectivo. De que gostava? Gostava do que gostavam aqueles que ele admirava. Naquela época, isso queria dizer rock progressivo.

Ficava confuso com os nomes de tantos músicos, mas sabia que se tivesse mais de nove minutos de duração, e solos grandes, então devia ser som dos bons. Pra ficar pior, não bastava saber o nome do vocalista. Era preciso conhecer os principais músicos, às vezes todos eles. Para não reconhecerem sua farsa, ele se esforçava: buscava gravações raras, tentava decorar uma música ou outra. Mas a maioria das vezes sentia sono no meio das músicas. Como se igualar àqueles que sabiam a letra? Solos intermináveis, ele pensava.

Uma vez, Junior deitou-se olhando para o céu e escutou Pink Floyd. Por um momento, foi transportado para outro mundo. Cada sonzinho misturado fazia sentido e sua mente se dissolveu. Não sabia nada de si, e por um momento não importava.

Fixou-se nessa banda por um tempo, mas tinha o “The Wall”. O problema do Pink Floyd era esse... não era excêntrico o suficiente. Era muito acessível. Junior era o cara que gostava de Pink Floyd, e daí?

Já faz 7 anos que ele deitou olhando para o céu, e Junior ainda não se conhece bem. Continua atrás de sua turma, que nunca está atrás dele. Agora escutam “Ramones”, e não dá tempo de sentir sono, está bem mais fácil. As letras também são bem mais fáceis de decorar. Seria o céu, mas nunca superou a questão do rock progressivo.

Oh! Por que tivemos essa fase em nossas vidas? Por que um dia achamos que o rock viraria música clássica? Junior pensa nisso e bebe vodka. Bebe de raiva de seu fígado, e por nunca ter sido apresentado à sua própria vontade.

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