Autoajuda (Brendon Burchard – O Poder da Energia) – Ed. Novo Conceito
Atire o primeiro volume aquele que nunca leu um livro de autoajuda. Todos nós temos uma eterna luta a travar com nossos desejos e limitações, e, não podia ser diferente, há sempre alguém disposto a nos vender o “pulo do gato” para superarmos nossas dificuldades. Seja um comprimido, um jeito de pensar, um estilo de vida, uma dieta, um preceito religioso, qualquer um que acredita ter encontrado o caminho passa a professá-lo como solução para todos.
Se for esperto, vira palestrante e lança um livro desvendando seu caminho “infalível” para a felicidade. Brendon Burchard fez isto. Ganha dinheiro dando palestras e treinamentos sobre seus métodos, e é claro, vendendo livros. Seu “O poder da energia”, quarto livro da carreira, foi Best-Seller n1 do New York Times, seguindo o sucesso dos anteriores.
Somos como Burchard, apenas menos ambiciosos. Aquilo que está dando certo para nós é rapidamente incorporado a nosso discurso aos amigos deprimidos. Diante de qualquer crise, nossas respostas frágeis e temporárias para o mistério da vida tornam-se os salva-vidas que atiramos aos que se afogam.
Aos 15 anos, estabeleci algumas metas e vi meu foco aumentar e a maioria delas se realizar. É uma prática que renovo a cada 3 anos em minha vida, e divulgo este hábito para todos que conheço. Por trabalhar com Psicologia Organizacional, estou sempre lendo material sobre a superação de limites. Recomendo especialmente os livros de Anthony Robbins – “O Poder sem Limites” e “Desperte o Gigante Interior”, que sempre me ajudaram de maneira prática. Burchard também cita este autor em seus agradecimentos.
"O Poder da Energia" também é bom. Ganha você logo de cara, num artificio de extrema sinceridade do autor. Ao invés de iniciar o livro contando como suas técnicas o levaram ao sucesso, ele cita momentos de grande tristeza, em especial uma tocante descrição sobre a morte de seu pai.
É a partir dai, que defende suas técnicas, como formas de superação e de “colocar mais vida na vida”. Ele primeiro iguala sua experiência à nossa, com altos e baixos, e depois apresenta com humildade sua proposta. Burchard dá dicas interessantes sobre como escolher seus objetivos e amigos, e como ser quem queremos ser para nós e para os outros. Faz isto sem aquela empolgação messiânica que tanto incomoda e tira a credibilidade de outros autores de autoajuda.
Com a guarda do senso crítico muito alta, você poderia abandonar o livro na página em que ele recomenda que devemos tomar seis (!) litros de água por dia. Ainda assim, ele logo será humilde novamente, reconhecendo que esta informação é polêmica, e convidando-o a experimentar por si mesmo.
A vida é uma viagem complicada, e é fácil encontrar buracos em qualquer solução proposta. Se as técnicas de Burchard dão certo para todos que lêem o livro: claro que não! Aproveitamos de qualquer forma aquilo que estamos prontos para colocar em prática, e deixamos de lado aquilo que não nos convenceu. Sua leitura produz essa sensação positiva de que tudo pode ser diferente, e que podemos corrigir a rota e seguir para rumos mais próximos da felicidade.
Já é bem mais do que pode ser dito da maioria dos títulos sobre o tema.
Opiniões pessoais e textos que retratam momentos. Para mais resenhas de livros, consulte meu perfil no Skoob
sexta-feira, 25 de abril de 2014
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Revisitando Histórias em Quadrinhos
Tenho apenas duas coleções. Uma de selos e outra de
quadrinhos. Tive interesse pela filatelia, seguindo o comportamento de vários amigos
que lá por 1988 eram dedicados ao tema, mesma época em que comecei a curtir
comprar, ler e guardar quadrinhos.
A coleção de selos da maioria dos amigos era modesta como a
minha, com uns selos ganhados e trocados, outros comprados. Porém, uma delas superava
a todas em quantidade e variedade. A coleção deste amigo era mais diversa e
rica, porque seu pai havia reunido selos numa caixa de sapato durante a vida
toda. Ao longo das inúmeras arrumações de casa, mudanças de cidade, mudanças de
vida, mudanças de foco, ele perseverou, preservando sua caixa de sapato cheia
de selos.
Foi admirando o poder deste gesto, que decidi guardar minhas
coleções. Por simples que fossem, seriam antigas e raras quando meu filho se
aventurasse em continua-las. Ele tem quatro anos agora, então não faço ideia se
um dia ele continuará a coleção, ou se apenas vai joga-la fora ou vende-la. De
toda forma, preservei meus selos e meus gibis (como chamávamos antes de as
novas gerações inventarem nomenclaturas mais elaboradas), e espero ter a chance
de entregar a ele quando for mais velho.
Meu interesse por quadrinhos aumentou quando um amigo daquela
época me mostrou que os quadrinhos poderiam ser mais do que “Turma da Mônica”.
Passei a colecionar as revistas dos heróis da Marvel (e uns poucos da DC), em
especial as histórias do DEMOLIDOR e do JUSTICEIRO. Gostei no jeito “cinematográfico”
de contar histórias, dos roteiros radicais, e dos atos de heroísmo. Fantasiei
ter poderes e esconder minha identidade secreta, que quase sem querer seria
eventualmente descoberta pela garota de quem eu gostava. Quem quiser dar uma
olhada na coleção, basta visitar meu perfil no skoob.
Há pouco mais de um mês, um conhecido casou, mudou para um
apartamento pequeno e foi vencido por um ultimato da esposa. Aceitei
imediatamente a honra de ganhar sua coleção. Guardaria-a com cuidado, junto da
minha, não antes de cadastra-la na minha “estante”. Para fazer isto, além de localizar os títulos,
era importante lê-los. Fazia mais de vinte anos que eu não abria um gibi.
Da experiência, um bom e um mau resultado. Começando pelo
mau, NÃO AGUENTEI ler X-MEN. Terei mudado eu ou a linha editorial?
Provavelmente os dois. Achei que eles só pensavam em lutar, com bravatas
babacas contra os inimigos: “isso porque você ainda não provou meus poderes”. Frustrantes também as experiências com o HULK,
QUARTETO FANTÁSTICO, e apenas suportáveis com HOMEM-ARANHA. Havia pouco DEMOLIDOR
e nenhum JUSTICEIRO, infelizmente.
E a boa experiência? SPAWN!!! Não existia no tempo em que eu
acompanhei, então li quase a coleção toda sem parar, até o N100 (faltando
alguns). Desenho primoroso, roteiro melhor ainda. Suspense de primeira, uma
trama com toques religiosos, outros policiais. O clima é fantástico, te
transporta para noites chuvosas e sinistras. SPAWN é tudo o que o Batman tentou
ser, sem conseguir.
“Sirenes distantes,
gritos abafados e suspiros de amantes rompem o silêncio noturno. Uma voz flutua
acima das demais, ecoando pelas trevas. Suave como um sussurro e poderosa como
um trovão. Você pode ouvi-la? - Este é o
destino que eu escolhi. Este mundo e suas sombras me pertencem. Agora e para
sempre...eu sou o SPAWN!”
Não sei se há esperanças para o velho leitor de quadrinhos
que existe em mim. Mas este “revival”
de leituras de gibis me ensinou uma coisa nova. A boa literatura não está
apenas nos livros clássicos. Ela também pode se apresentar numa história
ilustrada, na crônica da revista semanal, num capítulo inspirado de novela, num
filme que nos marca. Basta não termos preconceito e direcionarmos nosso olhar sedento,
em busca daquele detalhe que vai prender nossa atenção. Contar e ouvir
histórias está em nós de maneira indelével.
Assinar:
Postagens (Atom)