domingo, 6 de dezembro de 2009

Coração Abafado

Seu apartamento estava abafado naquela noite. Quando abriu a janela, uma brisa fresca e reconfortante secou o suor de seu pescoço. Não conseguia se concentrar.

De maneira automática, procurou pela geladeira. Assaltos que fizera durante o dia tinham acabado com tudo o que havia de interessante. Frustrado, voltou para a sala, que sob o efeito da janela escancarada já parecia menos insalubre.

Sentado novamente em frente ao computador, sua cabeça apresentou a programação do dia seguinte. Não seria nada demais. Queria ficar até tarde acordado, ter o que fazer, instigar sua mente. Mas a inspiração parecia tê-lo abandonado.

Os amigos estariam indisponíveis, e já era tarde. O que restava fazer? Estava enjoado da televisão. Intuitivamente sabia que nada ali prenderia sua atenção. Sentiu-se sozinho, dolorido – e ao mesmo tempo orgulhoso, desperto. Que tipo de novidade sua mente traria?

Acabou vencido pelo sono, mas não antes de despejar no teclado do computador textos escatológicos e confissões impróprias que seus personagens diziam em seu lugar, numa frágil escaramuça.

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